Foi no maio quente de 1968, em plena cidade de Paris, com protestos de estudantes e trabalhadores a transformarem a capital francesa num inferno, com veículos incendiados e lojas de luxo saqueadas, que a Citroën surpreendeu ao apresentar o Dyane 6 Méhari, um descapotável, que tinha a particularidade de contar com uma carroçaria totalmente em plástico, que não pesava mais de 525 kg e que podia ser lavado à mangueira, por dentro rapidamente.
A apresentação do Dyane 6 Méhari decorreu no campo de golfe de Deauville e começou perto do meio-dia, tendo sido mostradas oito das cerca de vinte unidades pré-série do Méhari, nome deriva de uma raça de camelos de corrida e de combate, o automóvel só viria a ser homologado em julho, pintadas em cores marcantes como o azul elétrico, o vermelho profundo, um tom turquesa e um cinzento metálico invulgar, cores que não estariam disponíveis no modelo de produção.
O descapotável de dois lugares em que na zona traseira se encontrava um espaço para as pernas dos eventuais passageiros que ali podiam viajar sentados, num banco rebatível que, quando não estava a ser utilizado, dava origem a uma área de carga completamente plana, desde o para-choques traseiro até aos encostos dos bancos da frente.




O para-brisas, também ele rebatível, incluía ancoragens para dois elementos metálicos, que se uniam num arco amovível, localizado imediatamente acima dos bancos da frente. Sobre a estrutura era possível instalar uma cobertura em tecido, criando um habitáculo para os passageiros da frente. Uma vez desenrolada, cobriam-se, também, os passageiros traseiros e o compartimento de bagagens, criando, assim, uma berlina de quatro lugares.
Entre as duas configurações, as combinações eram infinitas, com portas de tecido ou rígidas, painéis laterais de tecido e até um ‘hardtop’ de plástico rígido, totalmente modular, disponível nas cores de carroçaria do Méhari.
O Méhari tornou-se num símbolo de liberdade para os jovens franceses devido à sua simplicidade e versatilidade e continua a ser um claro símbolo da cultura pop ao estilo francês bem como da audácia da indústria automóvel francesa.
Desde o seu lançamento em 1969 e durante duas décadas até 1987, a Citroën produziu cerca de 150.000 unidades, das quais 20.000 saíram da fábrica de Mangualde, em Portugal. A marca francesa produziu ainda versões do Méhari 4x4 para o exército francês em 1981.




A sua popularidade foi tal que o modelo acabaria mesmo por se tornar num fenómeno da sociedade ao longo dos anos, graças, por exemplo, a uma carreira cinematográfica, estreada na série “Le Gendarme de Saint-Tropez”, com Louis de Funès como protagonista, sendo a sua presença visível também em diferentes rali-raids, incluindo o Liège-Dakar-Liège de 1969, o Paris-Kaboul-Paris de 1970 ou ainda o Paris-Dakar de 1980, onde assumiu o papel de ambulâncias rápidas e demonstrando as suas enormes virtudes, incluindo a capacidade de se moverem facilmente nas dunas sem ficarem presas na areia.


Mais tarde, em 1983, antes do ponto final na produção do Méhari, a Citroën lançou a séria limitada ‘Azur’ (700 exemplares), bem como a série ‘Plage’, destinada aos mercados da Península Ibérica.


54 anos depois da estreia pública no Salão Automóvel de Paris, Porte de Versailles, o Citroën Méhari continua a ser um dos modelos mais populares na história da marca francesa.